O clipe novo da Mallu Magalhães pode te fazer refletir sobre racismo

“Você não presta” não agradou todo mundo

Mallu Magalhães divulgou o clipe da música “Você não presta” na última sexta-feira, dia 19. A faixa estará no quarto álbum da cantora que deve ser lançado em junho.

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O clipe foi gravado em Lisboa e conta com a participação de bailarinos negros. As coreografias dos dançarinos misturam influências que vão do ballet clássico a danças africanas como Afro-House e Kuduro.

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Mas nem todo mundo gostou do clipe, vendo ali muitas cenas racistas.

      

Isso abriu muitas discussões, principalmente no Facebook.

      

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No clipe, há uma diferença entre o figurino dos bailarinos e o da cantora. Na maior parte do tempo, o corpo negro é mais exposto e colocado em evidência. O que não rola com a Mallu, única branca ali.

Isso pode lembrar como os negros foram historicamente vistos como objetos e como seu valor estava associado ao corpo e à força física.

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Dá até a impressão que passaram óleo na pele deles para dar um efeito mais evidente de suor.

Algumas cenas são estranhas, como essa em que os dançarinos parecem estar enjaulados.

Isso nos faz lembrar como os negros foram tratados como animais no período da escravidão. Porque a Mallu não está ali com eles?

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A falta de contato e sincronia da cantora com os dançarinos passa a sensação de que eles apenas fazem parte do cenário, como objetos.

Se há uma festa, porque não rola interação?

Na música, Mallu canta que convida todo mundo para a festa e que só não convida alguém porque essa pessoa não presta.

A letra reforça esse distanciamento da cantora com os dançarinos e parece que ela está dizendo “convido todo mundo, até mesmo os negros”.

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Se você reparar bem, ela está quase sempre em oposição ao grupo e nunca como parte dele.

Mallu deu uma declaração que deixa o vídeo mais questionável.

Quem é urbano e quem é selvagem?

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Mallu também usa durante o clipe uma camiseta do Oscar 2002, edição histórica em que Halle Barry e Denzel Washington levaram as estatuetas de melhor atriz e ator.

Sidney Poitier, primeiro negro a ganhar o troféu em 1964, foi homenageado com um prêmio honorário na mesma noite.

Mesmo que a intenção possa ter sido boa, a de homenagear a comunidade negra, há algo que não encaixa muito bem no clipe e incomodou muita gente.

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A impressão que fica é que a escolha dos dançarinos e a lembrança ao Oscar 2002 foram feitas apenas para parecer “cool”, mas como resultado trouxeram um vídeo que reproduz muitos lugares comuns do racismo.

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