O atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia, recebeu R$ 100 mil da Odebrecht para ajudá-lo a quitar dívidas de sua campanha à prefeitura do Rio de Janeiro, de acordo com depoimento de delator do conglomerado à Lava Jato.
Maia foi candidato a prefeito em 2012 e foi derrotado por Eduardo Paes (PMDB).
A acusação foi feita pelo ex-vice-presidente de relações institucionais da Odebrecht Cláudio Melo Filho a investigadores da Lava Jato.
CMF, como era conhecido o ex-executivo, era responsável por gerenciar os interesses da Odebrecht no Congresso Nacional e tenta fechar um acordo de delação premiada com a Justiça.
De acordo com informações prestadas a investigadores, em 2013, durante discussões sobre a medida provisória 613, Melo Filho pediu a Maia que acompanhasse a tramitação da matéria na Câmara.
A MP tratava de tributos e de um regime especial de incentivo à inovação na indústria química. A Odebrecht, controladora da petroquímica Braskem, tinha interesse na matéria.
Aos investigadores, Melo Filho disse que, na fase final de tramitação da MP encontrou-se com Maia e o político teria lhe dito que ainda estava com dívidas de sua campanha e solicitou uma contribuição para ajudar na quitação dos débitos.
Filho alega que no início de outubro de 2013 repassou R$ 100 mil para o deputado.
No dicionário de codinomes da empresa, o deputado aparece como “Botafogo”, seu time de futebol.
O que diz Rodrigo Maia:
Através de sua assessoria, Maia disse que todas as suas contas eleitorais estão devidamente declaradas no Tribunal Superior Eleitoral.
O que diz a Odebrecht:
A assessoria da empresa enviou a seguinte nota ao BuzzFeed:
"A Odebrecht não se manifesta sobre o assunto. Mas reforça seu compromisso com uma atuação ética, íntegra e transparente, expresso por meio das medidas concretas já adotadas para reforçar e ampliar o programa de conformidade nas empresas do grupo, entre as quais se destacam: a criação do cargo de Responsável por Conformidade ou CCO (Chief Compliance Officer) e do Comitê de Conformidade, ligados ao Conselho de Administração para garantir total independência; a adesão a pactos de ética empresarial de entidades como ONU e Instituto Ethos; e, entre outros pontos, o compromisso de combater e não tolerar a corrupção.”