Enquanto trabalhadores do setor privado terão que contribuir por ao menos 49 anos antes de terem direito à aposentadoria integral, a reforma da Previdência proposta pelo presidente Michel Temer (PMDB) poupou de cortes as Forças Armadas, responsáveis por 44,8% do déficit no ano passado.
Segundo cálculos do ex-secretário da Previdência Leonardo Rolim, que hoje atua como consultor da Câmara, a previdência das Forças Armadas custou R$ 35,1 bilhões ao Orçamento em 2015, enquanto sua arrecadação foi de apenas R$ 2,6 bilhões.
"É uma estratégia do governo, mas é difícil politicamente justificar para a população por que a previdência mais cara ficou de fora da reforma", afirma Rolim ao BuzzFeed Brasil.
A regra atual exige que militares trabalhem ao menos 30 anos antes de terem direito à aposentadoria, que é sempre integral.
Em agosto, o ministro da Defesa, Raul Jungmann (PPS), defendeu a manutenção dos atuais privilégios a militares.
"Eu entendo que nós temos duas carreiras, a civil e a militar, e que o militar se obriga a uma série de renúncias em termos de direitos que, exatamente, o servidor civil tem", disse ao jornal O Estado de S. Paulo. "Acho justo, do meu ponto de vista, que continue a haver essa segregação", completou o ministro.
Em um post em seu blog, no ano passado, o atual secretário de Política Econômica do governo Temer, Mansueto Almeida, deu a dimensão de quanto representam as aposentadorias em relação ao orçamento total da Defesa: "Do valor total de R$ 78,7 bilhões da despesa do Ministério da Defesa, em 2014, R$ 35 bilhões ou 44,5% da despesa das forças armadas foram com aposentadorias e pensões".