Em um e-mail de fevereiro de 2015, o empresário Fabio Luís Lula da Silva, filho do ex-presidente Lula, discutiu com seu sócio Fernando Bittar o conserto da bomba na piscina do sítio de Atibaia – foco de uma das seis acusações criminais contra o petista.
"Meio que combinei com o Moura o seguinte. Depois que ele falar com meu pai, pedir para consertar a bomba de filtro da piscina (irmão do Maradona por 200 a 250 reais. Chamar a assistência técnica do aquecedor e ver o que fazer...", escreve Fabio Luís na mensagem a Fernando Bittar.
Para o Ministério Público Federal, que anexou um conjunto de mensagens e notas ao processo que corre na Justiça Federal de Curitiba, o e-mail seria mais um elemento que indicaria que o ex-presidente seria o dono oculto do imóvel, que recebeu R$ 1 milhão em benfeitoria de três empreiteiras envolvidas no esquema de corrupção da Petrobras. Lula nega.
Na escritura, Bittar é um dos proprietários do sítio. Moura é um segurança da Presidência da República que trabalhou com Lula após ele deixar o cargo e Maradona é o caseiro do sítio.
A tese da Procuradoria é que o documento, ao mostrar que a família Lula se envolvia diretamente nas questões do imóvel, reforça a acusação de que o sítio pertence a ele.
A acusação vem se baseando tanto em depoimentos de delatores das empreiteiras sobre as reformas na propriedade quanto em indícios de que Lula e sua família frequentavam e tomavam decisões sobre a propriedade, como a compra dos pedalinhos e o envio de parte do acervo presidencial para o sítio. A defesa de Lula diz que ele não é o dono e que é alvo de perseguição dos procuradores.
O e-mail foi anexado pelos investigadores a outro processo no qual Lula é réu: o do tríplex do Guarujá, com uma série de documentos no dia último dia 15.
O ex-presidente Lula nega que seja dono tanto do tríplex no Guarujá quanto do sítio em Atibaia.
O petista admite que frequenta o sítio no interior de São Paulo com a família, mas afirma que os proprietários são sócios de Fabio Luís – Bittar e Jonas Suassuna.
Além de sócio de Fabio, Fernando Bittar é filho do ex-prefeito de Campinas e ex-sindicalista Jacó Bittar, amigo de longa data de Lula.
"Lula não é proprietário do tríplex do Guarujá ou do sítio de Atibaia", diz advogado.
Em nota ao BuzzFeed Brasil, Cristiano Martins Zanin, advogado do ex-presidente, afirma que "a inocência de Lula já foi comprovada por dezenas de testemunhas ouvidas, com o compromisso de dizer a verdade, que afastaram qualquer participação do ex-presidente em supostos ilícitos na Petrobras".
Zanin prossegue: "Lula não é proprietário do tríplex do Guarujá ou do sítio de Atibaia. O primeiro imóvel é e sempre foi da OAS. O segundo, de Fernando Bittar, que comprovou aos investigadores que adquiriu a propriedade com recursos que lhe foram doados por seu pai, Jacó Bittar. Na falta de provas sobre as propriedades atribuídas a Lula, o MPF investe em factoides e em informações manipuladas, como foi a tentativa de transformar cerimônias públicas em reuniões particulares com o ex-Diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, que desmentiu categoricamente o órgão acusador na audiência de 24/05/2017."