13 projetos criados por mulheres que combatem o machismo e o racismo na tecnologia

E tem lugar para você também.

1. O InfoPreta é a primeira e única empresa de serviços tecnológicos no Brasil a ser fundada e gerenciada por mulheres negras.

InfoPreta / Buh D'Angelo / Buzzfeed Brasil / Via Facebook: buh.dangelo

A Buh D'Angelo se formou em técnico de manutenção, robótica, eletrônica e automação industrial – além de ser fluente em inglês – mas logo percebeu que, mesmo com todas essas qualificações, as portas do mercado não se abriam para uma mulher negra e periférica. Por isso se uniu à Fernanda Monteiro, que tinha 20 anos de experiência no mercado mas viu as oportunidades sumirem depois da sua readequação de gênero, e juntas fundaram o InfoPreta. Começaram a divulgar seu trabalho nas redes sociais, e o número de clientes começou a crescer exponencialmente: parece que havia demanda sim, e muita, para o que elas tinham a oferecer.

Hoje, a empresa presta serviços de assistência e suporte técnico, consultoria, desenvolvimento de sites e aplicativos e ainda dá oficinas e palestras. Em 2017, a InfoPreta foi premiada pelo G20 em Berlim, e Buh D'Angelo estava lá, apertando a mão da premiê alemã Angela Merkel e representando o Brasil.

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3. O site Codamos é uma vitrine para achar eventos gratuitos e inclusivos.

A Alda Rocha, que é programadora e pesquisadora, criou o Codamos para que mais pessoas pudessem ter acesso a eventos inclusivos. Isso depois de aturar MUITO machismo: "Decidi explodir o problema por dentro. Identifiquei que o caminho mais curto pra diminuir o gap de diversidade era através dos eventos de tecnologia, e foi onde resolvi atacar", diz ela. "Hoje somos um grupo de 6 pessoas que trabalham voluntariamente fazendo meetups, cadastrando eventos na plataforma, montando conteúdo, cuidando de redes sociais enquanto eu tomo a frente palestrando e tentando levar a mensagem do Codamos pra todos, aprendendo um pouco de cada vez sobre a vida das pessoas e como ter mais empatia", conta.

E tem mais: "Criei a hashtag #meulugaremTI pra mostrar ao mundo que existe sim muita mulher capaz em TI e que é nosso lugar e daqui a gente não vai sair".

4. As jornalistas do Ada.vc querem que cada vez mais mulheres se considerem tecnológicas.

Diego Cagnato

O Ada.vc é um site sobre tecnologia que não fala como se o tema fosse um "interesse masculino". Isso pode parecer óbvio, mas não é o tom usado pela maioria, e talvez por isso também tantas mulheres ainda se sintam excluídas quando se fala de tecnologia.

"Ada é um veículo e também uma newsletter, mas também fazemos conteúdos para marcas que querem uma narrativa mais inclusiva, e workshops de atualização digital para mulheres" conta Diana Assennato, que toca o Ada junto com Emily Canto Nunes, Natasha Madov e Dimitria Coutinho. O objetivo delas é que cada vez mais mulheres se sintam à vontade não só na hora de consumir tecnologia, mas falando sobre isso e sendo cada vez mais ativas na área.

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5. O Lovelace Podcast dá voz para quem fica de fora dos holofotes no mundo da tecnologia.

Reprodução

A Carol Soares, desenvolvedora front end, professora, palestrante e podcaster, conhece duas realidades bem diferentes para mulheres mulher na área da tecnologia: de um lado, ela sabe como o meio pode ser opressor, por outro, conheceu comunidades onde encontrou apoio, sororidade e fortalecimento.

"Fiz amizades maravilhosas, dentre elas, Miguel, uma pessoa não binária, que tem a mesma ambição que eu, a de tornar a computação um local inclusivo e diverso", e juntos criaram o Lovelace Podcast. "Conversamos sobre tecnologia e cultura pop com pessoas que não estão nos holofotes da TI. O coração do programa é mostrar que essas pessoas têm tanto conhecimento técnico quanto as outras e não só são pautas de “como é ser mulher/trans/LGBT/negro/deficiente em tech”.

Carol convida a todos para que a procurem no Twitter: "Se você tem dificuldade com algo, eu realmente sugiro que procure a comunidade, temos grupos como Elas Programam, Minas Programam, Pyladies, Codamos, Reprograma, WoMakers Code e mais um monte que estão dispostos a te receber e orientar nesse caminho na área, claro eu tô sempre a disposição também".

6. A PrograMaria começou como um clube de programação para mulheres que queriam aprender a programar, e virou algo muito maior.

"Acho que a tecnologia é uma ferramenta poderosa de transformação social, tem um potencial incrível para empoderar pessoas e reduzir desigualdades". diz Iana Chan, uma das fundadoras do coletivo, que é jornalista e considera a tecnologia uma ferramenta de expressão. Os cursos e eventos do PrograMaria geralmente acontecem em São Paulo, mas super vale dar uma olhada no blog delas, onde tem muitas dicas para quem está aprendendo. Elas também produzem conteúdo, como este especial sobre como o machismo é uma barreira real para mulheres nessa área. "A proposta é oferecer cursos e oficinas para apoiar não só mulheres que desejam ingressar no universo da programação, mas também para ajudar as que já estão no mercado e desejam dar um passo a mais e assumir posições de liderança", diz Iana Chan.

E para as minas que estão querendo começar no mundo da programação, quais as dicas?

"Defina um objetivo, trace um plano e busque acolhimento. Existe uma série de comunidades que oferecem um espaço seguro para as mulheres e podem ser um ponto de encontro para troca de experiências, aprendizados e apoio. Além da PrograMaria, tem as mulheres do Pyladies, Minas Programam, Codamos, Reprograma, Mulheres na Computação, Maria Lab, Desprograme, entre tantos outros! Juntas somos mais fortes!"

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7. A Thais Weiller é professora, fundadora e autora de livros sobre game design.

"Eu sempre digo que quando você conhece uma guria trabalhando com jogos, pode ter certeza absoluta que ela quer muito estar lá, pois as dificuldades que passamos são bizarras: diz Thais Weiller, professora e designer de games.

"No Brasil essa indústria é instável, muitas pessoas já desistem por conta disso, e daí quando você é mulher (ou não branco, só para constar) ALÉM dessa dificuldade você encontra o machismo (ou racismo) estrutural e institucionalizado". A Thais chegou a terminar duas faculdades não relacionadas com tecnologia, que deixaram ela com a sensação de estar indo na direção errada na vida, antes de fazer mestrado na área de game design e começar a trabalhar com isso. Hoje ela é co-fundadora do JoySmasher, um estúdio de desenvolvimento de jogos ativo desde 2012, além de ser professora de game design na PUC-PR e autora do livro "Game Start: Lições de Game Design para seu vídeo game", que por sua vez virou um blog para dar dicas e abrir conversas sobre desenvolvimento de jogos.

8. O principal foco do Olabi é trazer mais diversidade para o mundo da tecnologia.

Olabi / YouTube / Via youtube.com

"O Olabi quer democratizar o acesso à tecnologia" diz Gabi Agustini, uma das três fundadoras do projeto, que dá, sim, muitos cursos e workshops mas é muito mais do que uma escola. "É um espaço de educação. A gente pensa em diversidade num sentido bem amplo, não só de gênero, mas de raça e também na junção de pessoas diferentes produzindo produtos tecnológicos". A ideia então é juntas disciplinas diferentes, engenheiros, artistas, cientistas e desenhar métodos de ensino, oficinas, palestras e muito mais. O carro-chefe é a iniciativa PretaLab que é justamente por mais mulheres negras na tecnologia. O Olabi fica no Rio, mas a Gab recomenda ficar de olho na página do Facebook para saber tudo o que está rolando, seja na sede, como online ou em outros lugares do Brasil. "Se apropriar do seu espaço na tecnologia é aumentar o seu poder de decisão na sociedade" diz Gabi.

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9. A Sílvia Coelho criou o grupo Elas Programam para ajudar mulheres a entrar no mercado de trabalho.

Silvia Coelho / Facebook

"Com o Elas Programam eu quero conectar as mulheres com esse mundo tão maravilhoso da TI. Existem muitas oportunidades, com salários atraentes e a possibilidade de sermos muito bem-sucedidas. Precisamos principalmente de tempo e dedicação, porque essa é uma área que avança exponencialmente, o que nos traz a vantagem do aprendizado e evolução, mas vem com muita pressão externa e interna para se manter sempre atualizada".

10. O programa Laboratória dá cursos de formação e não cobra por isso, as alunas só pagam uma contribuição depois de começarem a trabalhar na área.

Laboratória / Via medium.com

É um curso intensivo de seis meses, que acontece em São Paulo e ensina linguagem JavaScript, HTML, CSS, UX e outras especializações. Para se candidatar é preciso identificar-se como mulher, ter cursado o Ensino Médio COMO BOLSISTA, e não estar na faculdade, pois vai precisar de disponibilidade para frequentar as aulas em tempo integral. O formulário para se inscrever está aqui!

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11. Deb Xavier dirige uma startup e na sua equipe tem 20 pessoas: 18 são mulheres, e cinco delas são mães.

Deb Xavier

A Deb é uma das três diretoras da startup Vai.Car, que faz um meio de campo para quem precisa alugar um carro. Por muito tempo ela também foi organizadora do Jogo de Damas, um evento que reunia mulheres para falar de carreira, negócios e afins. Ela acredita que, para trazer mais mulheres pro mundo da tecnologia, tem que focar em três pontos: visibilidade, dados e liderança. "A gente não pode ser aquilo que não vê, então é necessário ampliar o destaque e visibilidade das mulheres que atuam nessa área", diz. Já os dados servem para provar por A + B o valor as mulheres no mercado, e os líderes precisam fazer seu papel para ver mudança. "Se quem contrata e define a cultura são homens, é natural que eles não tenham a empatia necessária para perceber que estão negligenciando mulheres. Eles precisam se informar e ir atrás - e dar o exemplo. E mulheres que estão em cargos de destaque precisam advogar umas pelas outras".

12. O projeto Mind The Gap, do Google, é para incentivar meninas do ensino médio a ter vontade de trabalhar com tecnologia.

Divulgação

O projeto nasceu em Israel e veio pro Brasil em 2014. "As meninas vêm conhecer o escritório do Google, assistir a palestras de mulheres que trabalham na área, e aprender sobre a rotina de uma engenheira da Computação. Além disso, elas participam de uma atividade prática de programação guiada por engenheiros do Google" conta a engenheira de software do Google Brasil Camila Matsubara.

E qual seria a dica dela para meninas que querem trabalhar com tecnologia? "É interessante conversar com pessoas de diferentes áreas dentro da tecnologia para ajudar a entender melhor e perceber que tipo de subárea mais desperta o seu interesse. Não tenha medo de errar. Nenhuma escolha precisa ser definitiva e o caminho percorrido é sempre um aprendizado adquirido. E aprender inglês: é útil em qualquer carreira, mas especialmente na área de tecnologia. O mais importante: acredite que você pode ser o que quiser!" Aqui está o formulário para escolas que quiserem participar.

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13. A Tamy Lin, fundadora da startup MoObie, também acredita que o caminho é incentivar as meninas desde pequenas.

Tamy Lin

A Tamy Lin é mais uma mulher que dirige (sem trocadilhos!) uma startup de mobilidade, e a Moobie é uma plataforma que põe em contato pessoas que precisam de um carro com pessoas que têm um carro disponível para alugar. A dica que ela daria para meninas que querem trabalhar com tecnologia é a de aproveitar a internet o máximo que puderem, não só para adquirir conhecimento mas para conhecer desenvolvedoras e empresas onde possam encontrar espaço. E não desistir.

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